quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

E se não importar?

Quando eu era pequena, tinha esse sonho de ser cantora; de estar em cima do palco com milhares de pessoas ali, me ouvindo, cantando junto, pulando, dançando, gritando. Hoje em dia, a parte do milhares de pessoas ou do palco não me importa mais. Cantar ainda é uma parte da minha vida e sempre vai ser, mesmo que só "no chuveiro" ou olhando pela janela. Mas eu não gostaria de viver disso ou para isso. Não conseguiria largar a faculdade, estar cada dia em um lugar diferente, girar todo o meu mundo em torno disso. Isso se eu chegasse lá.
Sempre gostei de escrever. Meus pais me incentivavam. Algumas pessoas se espantavam com o que eu escrevia aos 9 anos. E isso não mudou enquanto eu crescia. Meus poemas eram elogiados por praticamente todos a quem eu mostrava; até os meus professores de Literatura diziam que eu tinha talento. Mesmo assim, eu parei. Acabei associando os poemas a uma fase meio escura da minha vida. Nunca consegui superar isso. Entretanto, senti muita falta de escrever ano passado, por isso estou tentando voltar.
Pensei muitas vezes em publicar os poemas da minha adolescência; cheguei até a reuní-los sob um título: "Metamorfose". Mas nunca consegui. Acho que tinha medo das pessoas não gostarem. Mesmo com tanta gente me dizendo quão boa eu era, e se "o mundo" não achasse o mesmo? E se ninguém quisesse ler? E se ninguém lesse?
Desde que criei esse blog, tenho entrado todos os dias, bem como na conta do hitstats (contador), querendo que ele faça sucesso, torcendo para que as visitas aumentem. Por quê?
Sinto que eu estou em algum lugar no caminho entre a menina que criou esse blog para ser conhecida e conseguir elogios para alimentar o próprio ego (ou aumentar um pouco a auto-estima) e a mulher que entende que sucesso e fama não são coisas pelas quais vale a pena lutar.
Talvez eu só quisesse fazer a diferença, deixar minha marca no mundo. Eu queria que as pessoas sentissem ao ler meus poemas o que eu sinto ouvindo Avril Lavigne, algumas músicas do The Calling, "Imagine" do John Lennon e inúmeras outras bandas. Sabe aquela sensação de que a letra foi feita para você, ou mesmo por você? Ou quando ela tem o poder de te deixar inspirado, dar força para lutar pelos seus sonhos, ou apenas te faz parar e refletir sobre algo por um momento? Talvez eu quisesse que as pessoas sentissem isso quando lessem meus poemas. Ou ouvissem minhas músicas (se algum dia eu tiver coragem de mostrá-las). Mesmo os poemas tristes, eu gostaria que alguém se apegasse a eles, sabendo que não está sozinho, e que depois pudesse discutir com eles e rir da cara deles, dizendo: "Eu superei essa fase!", como eu fazia com as músicas do Simple Plan.
Só que eu queria isso com milhões de pessoas. Eu queria ser notada por ter esse efeito na vida das pessoas, sonhava que meu nome entrasse para as suas vidas. Talvez uma parte de mim ainda queira isso. Essa parte entra no Hitstats todos os dias. Outra, começa a entender que isso não importa muito. E se eu não conseguir afetar a vida de milhões de pessoas diretamente, ou não ficar conhecida por isso? Eu costumava pensar que era meu dever fazer do mundo um lugar melhor (não sozinha, claro). Eu pensava que eu tinha que ajudar as pessoas a ser melhores, acreditar nelas, influenciá-las a ter uma vida melhor, a ser a melhor versão delas mesmas. Ainda penso que isso é importante e algo que gosto de fazer. Eu gosto quando ajudo uma amiga a superar um problema e fico feliz de ser parte disso. Eu gostaria muito que o que eu escrevo pudesse ajudar milhares de pessoas. Mas e se não puder? E se só ajudar uma pessoa? Valeria a pena por ela. Mas e se não afetasse ninguém? Se não importasse para ninguém? Foram essas perguntas que me impediram de criar esse blog mais cedo. E por que agora? Não sei... Talvez eu tenha começado a perceber que isso já mudou uma vida: a minha. Escrever me ajudou a lidar com muita coisa. Ler também. E principalmente ouvir música, e me refiro aqui às letras, que, como os poemas, contos e crônicas são palavras reunidas com um sentido. E se eu tiver a chance de fazer parte disso para alguém? Mesmo que eu nunca fique sabendo, ou mesmo que não importe para ninguém além de mim, para mim importa e eu acredito nisso. É tudo o que eu posso fazer agora. Acreditar que vai importar para mais alguém. E se não? Tudo bem... O blog vai ficar aqui por muito tempo, talvez um dia...
Talvez eu não devesse estar publicando isso, mas escrever é a minha forma de lidar com minhas confusões, e se eu não ficasse à vontade para postar isso aqui, de que adiantaria tudo isso?

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